Moradores de Coronel Domingos Soares procuraram o Departamento de Jornalismo da Rádio Club de Palmas nesta segunda-feira (3), para apresentar sua preocupação sobre a presença de javalis em áreas próximas ao perímetro urbano.
Segundo os relatos, foram avistados grupos com vários animais, em propriedades há poucos metros da área urbana. Um dos registros, segundo os moradores, foi em um local próximo à uma instituição de ensino do município.
Há anos, o javali é considerado uma das principais espécies invasoras do Brasil. Por não ser nativo, ele não tem um predador natural e sua população cresce de forma expressiva.
Eles também causam prejuízos às atividades agrícolas, atacando lavouras de milho, feijão, soja, trigo, pastagens, hortas e até criatórios de aves e suínos. Além da destruição das lavouras, os javalis representam risco sanitário, pois podem transmitir doenças como peste suína africana, peste suína clássica e febre aftosa.
Em média, o javali macho pesa entre 150 e 190 quilos, mas não são raros os exemplares que ultrapassam os 250 quilos. Além do porte avantajado, o temperamento extremamente agressivo torna o seu controle uma atividade difícil. Outro ponto é o seu alto potencial reprodutivo: uma fêmea pode gerar duas ninhadas por ano, com média de oito filhotes em cada uma.
Desde 2013, o abate de javalis é autorizado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Os controladores interessados devem estar inscritos no Cadastro Técnico Federal, possuir autorização de manejo e, caso utilize armas de fogo para o abate, fazer o registro dos armamentos junto ao Exército.
Em nível estadual, tramita na Assembleia Legislativa do Paraná desde 2022, um projeto de lei para regulamentar a caça do javali. Em Brasília, a Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados realizou em agosto, uma audiência pública para debater o avanço da população de javalis.
Entre deputados e produtores rurais, os pedidos foram de menos entraves e mais autonomia dos Estados para a definição de normas sobre o abate. Pesquisadores e entidades de proteção animal manifestaram cautela, destacando riscos sanitários e ambientais.
Na audiência, representantes do Ibama informaram o órgão trabalha no desenvolvimento de um novo sistema informatizado, para agilizar a concessão de autorizações e dar maior rastreabilidade ao processo de controle dos javalis. Deputados integrantes da Frente Parlamentar da Agricultura defenderam que os governos estaduais têm condições de autorizar o abate e fiscalizar a atividade.
Na oportunidade, foi apresentado o Projeto de Lei 4.253/2025, que transfere aos estados e municípios a competência para manejar espécies invasoras, autoriza a caça e regulamenta a comercialização da carne e subprodutos, sob inspeção sanitária. Entre os principais pontos da matéria estão: transferência a estados e municípios da responsabilidade pelo controle populacional do javali e de outras espécies invasoras; permite o abate por controladores credenciados, reduzindo a dependência exclusiva de autorizações do Ibama; autoriza a utilização da carne e de subprodutos, desde que submetidos a inspeção sanitária; busca reduzir burocracia e prazos para emissão de licenças; e estados e municípios podem adaptar regras conforme as características locais. O PL está sob análise da Comissão de Saúde da Câmara Federal.
