Uma decisão judicial que proibia a ocupação de novas áreas na Fazenda Rodeio, em Reserva do Iguaçu, desencadeou um confronto entre a Polícia Militar e ocupantes remanescentes nesta segunda-feira (15). A ação, que resultou na detenção de quatro pessoas e na apreensão de tratores e implementos agrícolas, ocorreu, segundo a polícia, após sucessivas tentativas de descumprimento da ordem judicial.
Conforme consta em processo judicial, os ocupantes da área teriam sido notificados sobre a proibição de plantio, cultivo e o acesso de novas pessoas ao local. No entanto, a Polícia Militar informou que os moradores estariam bloqueando a PR-459 e cultivando novas áreas, motivando a intervenção.
De acordo com boletim de ocorrência, nesta segunda-feira, após um novo bloqueio na rodovia, manifestantes armados com foices e facões teriam cercado e hostilizado uma guarnição militar. Diante da situação, equipes da patrulha rural, Rotam e Choque de Batalhões de Curitiba, Pato Branco e Cascavel, foram acionadas para dar suporte.
Durante a operação, a polícia localizou pessoas trabalhando em uma área com dois tratores e um caminhão carregado de sementes. Ao tentar realizar a abordagem, os suspeitos teriam tentado fugir e resistido à prisão, sendo detidos no interior de uma casa. Os quatro detidos, que foram encaminhados à Delegacia de Pinhão, foram identificados como condutores dos dois tratores e do caminhão, além de um ajudante.
Segundo o boletim, cerca de 80 pessoas do acampamento teriam tentado resgatar os detidos e os maquinários, sendo dispersadas com o uso de granadas de fumaça e gás lacrimogêneo.
Os maquinários foram apreendidos e entregues na Delegacia de Pinhão, onde as equipes policiais permaneceram. Após os procedimentos de responsabilização, os detidos foram liberados.
O superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no Paraná, Nilton Bezerra Guedes, criticou a operação policial. Em publicação nas redes sociais, Guedes lamentou a ação, que, segundo ele, também teria deixado pessoas feridas. O superintendente destacou que, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), estão suspensas as reintegrações de posse na área, “mas mesmo assim a Polícia Militar teria atuado para impedir o plantio de uma pequena lavoura de subsistência”. Informou ainda que o Incra busca obter áreas na região para atender as famílias acampadas.