Casa de Passagem de Palmas enfrenta crise financeira e corre risco de encerrar atividades

Escrito em 31/10/2025
Guilherme Zimermann

O Instituto Palmense de Ações Comunitárias (IPAC), responsável pelos serviços da Casa de Passagem em Palmas, Sul do Paraná, enfrenta uma crise financeira que ameaça a continuidade de suas atividades a partir do próximo ano. O alerta foi feito pela coordenadora da entidade, Naiara Boz Lipczinski, em entrevista à Rádio Club nesta sexta-feira (31).

Segundo ela, os repasses de verbas sofreram cortes significativos, enquanto os custos de manutenção seguem altos. O IPAC necessita de cerca de R$ 15 mil por mês para manter seus atendimentos, mas recebe R$ 30 mil por ano da Prefeitura de Palmas, além de contar com doações e recursos do programa Nota Paraná — cuja arrecadação caiu cerca de 80% após alterações na lei. “Em 16 anos como coordenadora, esse é o primeiro ano em que me pergunto se o IPAC vai estar funcionando no ano que vem. Não estamos conseguindo mais manter as despesas mensais”, afirmou.

Neste fim de semana, sábado (1º) e domingo (2), o IPAC promove um bazar de roupas, na sua sede, na Avenida Coronel José Osório, com o objetivo de arrecadar fundos para ajudar a pagar as contas de novembro. Segundo a coordenação, ainda não há previsão de como serão quitadas as despesas de dezembro.

A Casa de Passagem atende pessoas em situação de vulnerabilidade, migrantes, famílias do interior que vêm a Palmas para tratamento de saúde e cidadãos em trânsito. Ao longo de 16 anos, o IPAC já realizou mais de 40 mil acolhimentos, oferecendo alimentação, abrigo e encaminhamento social. Mensalmente, o local serve 750 refeições, realizando mais de 9 mil atendimentos por ano.

Naiara destacou que o fechamento da entidade deixaria dezenas de pessoas desassistidas e poderia impactar diretamente a realidade social do município. “Se o IPAC deixar de funcionar, essas pessoas vão começar a ser enxergadas nas ruas. Hoje, muitas famílias e migrantes têm no IPAC um lugar seguro para se restabelecer. Sem isso, podemos ter aumento de situações de rua, furtos e vulnerabilidade”, alertou.

A coordenadora fez um apelo à comunidade e ao comércio local para que colaborem com a manutenção da instituição, seja por meio de doações, participação nos bazares ou repasse de notas fiscais pelo programa Nota Paraná. “O IPAC existe há 16 anos porque há uma grande demanda, mesmo que silenciosa. É um trabalho essencial em Palmas e esperamos que não precise acabar para que as pessoas percebam o quanto ele é necessário”, concluiu.

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