Dono da SAF alvinegra se pronunciou após empate com o Corinthians e expôs desejo de manter o Glorioso fora das disputas internas envolvendo o Lyon e o grupo empresarial nos EUA
Textor no jogo do Botafogo com o Corinthians no Nilton Santos pelo Brasileirão 2025 — Foto: André Durão
Após o empate por 1 a 1 diante do Corinthians, no Estádio Nilton Santos, neste sábado, o empresário norte-americano John Textor, acionista majoritário da SAF do Botafogo, conversou com a imprensa e abordou temas sensíveis relacionados à estrutura financeira e organizacional da Eagle Football Holdings — grupo empresarial que administra múltiplos clubes ao redor do mundo e que vem sendo contestado judicialmente nos Estados Unidos.
Textor foi direto ao expressar que considera separar o Botafogo da gestão conjunta com o Lyon, da França, apontando que o clube carioca tem arcado com parte significativa dos custos da operação europeia.
— Vou falar claramente para todos aqui. Botafogo está gerando uma quantia significativa de dinheiro e está financiando várias operações de perda do Lyon. Várias matérias que você lê na França que dizem que o Lyon pagou pelos títulos do Botafogo são erradas. Ganhamos dinheiro com títulos, vendas de jogadores e porque somos bons no negócio. Botafogo financia a Europa, e não o contrário. Somos uma organização auditada por empresas do maior calibre, fizemos tudo isso para entrar no IPO, não há debate. Não há problema financeiro. Estamos financiando a Europa. Quero separar o Botafogo da parte europeia (Lyon), mas isso é com a diretoria da Eagle — afirmou.
O dirigente também respondeu sobre possíveis riscos de perder o comando da SAF alvinegra, em meio a disputas com o fundo Iconic Sports, parceiro na aquisição do Lyon. Nos bastidores, há pressões para que ele deixe o controle da Eagle Football.
— Não estou. Sou o acionista majoritário da Eagle e a Ares é uma das investidoras. Está claro que cometi erros na França ao tentar ser um reformista. A liga é problemática e a federação quer tomar o campeonato lá. Só há um homem comandando o DNCG (órgão regulador de finanças) e ele tem muito poder, não há regras no preto e branco, é tudo muito arbitrário. A França quis uma mudança de rosto, eles cansaram de me ouvir falando de mudança. Eu quis colocar o modelo da Premier League lá, sem o DNCG. Eu voluntariamente saí porque entendi que eu era o problema. Estou calado porque queria que a Michele (Kang) ganhasse o caso. Meu ego e posições eram pouco importantes. Sempre fomos saudáveis financeiramente, a Uefa nos aprovou. No dia 20 de maio, o DNCG olhou no meu rosto e disse que rebaixamento estava fora de cena. O que mudou até junho? Claramente era sobre mim. Eu ainda sou o acionista majoritário e controlo a maior parte das decisões. Ares não tem o direito de me tirar.
Sobre o Botafogo, o empresário reforçou que vê o clube em estabilidade inédita.
— Somos estáveis. Somos organizados, tivemos nosso melhor ano em 120 anos. Michele pode ficar na França e eu no Brasil. Somos uma família. Não estou com medo — reforçou.
Textor voltou a indicar que deseja negociar a compra da parte do Botafogo que ainda está sob o guarda-chuva da Eagle Football.
— Eu não pedi por ajuda. Eu quero comprar o Botafogo de volta e tirá-lo da Eagle. Vou continuar sendo o dono da Eagle, mas acho que seria melhor o Botafogo estando separado. Existem parcerias na Europa que são melhores para o clube. Quando você quer vender, os diretores indicam que você se afaste para evitar conflito de interesse. Não é uma discussão, estamos conversando sobre comprar ou não o clube novamente. Quando isso chegou aqui (Brasil), o clube social disse que não queria mudanças e quer estabilidade depois de 35 anos de instabilidade. Fiquei impressionado.
— É uma conversa. É uma negociação amigável. Eu falo com os diretores da Eagle e eu sou o dono da Eagle. É um debate se controlamos nosso clube junto com o Lyon ou separado do Lyon. É uma discussão sobre família. Se eu achar que o clube deve correr separado, a maior parte do conselho da Eagle são pessoas que eu apontei. [...] Já temos muita autonomia no clube. Não sei muito o que mudaria. Teríamos a mesma liderança, não teria muita mudança no estafe. É mais um debate no longo termo do que de imediato.
Textor também comentou sobre sua relação com Evangelos Marinakis, dirigente grego que também atua no futebol internacional:
— Eu gosto dele. Há muita conversa sobre nos unirmos porque nosso relacionamento começou no Brasil, ele passou aqui antes de mim. Gostamos de recrutar, negociar e conversar sobre jogadores juntos. Ele é um dono diferente, muito passional. Tenho muita coisa em comum com esse estilo. Continuaremos negociando, trocando e nos divertindo.
Ao falar sobre o Crystal Palace, clube inglês do qual vendeu sua participação recentemente, Textor foi direto ao associar o movimento a um objetivo estratégico envolvendo o Botafogo:
— Você não necessariamente precisa se unir com alguém para colaborar. Quando eu digo mais parceiros muito tem a ver com a venda do Crystal Palace. Palace nunca foi o parceiro do Botafogo que eu queria que eles fossem. Você não vê jogadores do Botafogo indo para a Premier League. Se você tem um caminho para a Premier League fica mais fácil para recrutar um jogador para o Brasil, você cria um caminho. Mais importante para o Botafogo sobre o que aconteceu no Lyon foi o que aconteceu no Crystal Palace. Eu vendi minhas ações para criar novos caminhos para os jogadores brasileiros para a Premier League. Isso faria o Botafogo continuar sendo bem sucedido.
Fonte: Jogo de Hoje