Desde a década de 1950, as mudanças no comando da Igreja Católica têm coincidido com acessos do clube italiano, criando uma conexão curiosa entre futebol e fé
O Papa Francisco com a camisa do Avellino, que ele autografou no início do ano — Foto: Twitter/US Avellino
No último sábado, os torcedores do Avellino, tradicional equipe do Sul da Itália, festejaram o retorno do clube à Série B do Campeonato Italiano. A alegria nos arredores de Campania veio acompanhada de uma notícia que comoveu o mundo: dois dias depois, o Vaticano comunicou o falecimento do Papa Francisco, aos 88 anos. Uma vez mais, se repetiu o padrão que tem atravessado décadas — quando há uma mudança na liderança da Igreja Católica, o Avellino costuma ascender no cenário do futebol nacional.
A ligação simbólica começou em 1958, com a morte do Papa Pio XII, nascido Eugenio Pacelli. Na temporada seguinte, uma reorganização do sistema de ligas na Itália possibilitou que o Avellino deixasse o campeonato regional (equivalente à atual Série D) e avançasse à terceira divisão.
"O Avellino se une a todos os fiéis no luto pelo falecimento do Papa Francisco. Há alguns meses, o Papa abençoou e autografou a camisa do clube", declarou a instituição.
A trajetória do time foi marcada por instabilidade: após cinco anos de altos e baixos, o Avellino amargou novo rebaixamento em 1963, ao terminar em último lugar na Série C. Coincidência ou não, a data de 9 de junho daquele mesmo ano foi marcada pela morte do Papa João XXIII, Angelo Giuseppe Roncalli.
Em 1978, o mundo católico perdeu dois pontífices num curto intervalo: Paulo VI, em agosto, e João Paulo I, em setembro. No mesmo período, o Avellino conquistou seu lugar na elite do futebol italiano, ao garantir o acesso como vice-campeão da Série B na temporada 1977/78. A equipe permaneceu na Série A por uma década, até ser rebaixada ao fim da campanha de 1987/88.
Após uma nova queda em 1992, o clube oscilou entre divisões. Um dos retornos à Série B se deu em 2005, ano marcado pelo falecimento do Papa João Paulo II.
Quando Bento XVI renunciou ao papado em fevereiro de 2013, gesto inédito na era moderna da Igreja, o Avellino vivia um de seus momentos de glória: sagrou-se campeão da Série C e subiu de novo para a segunda divisão.
Agora, em 2025, a coincidência se repete. A morte de mais um Papa é acompanhada pela subida do Avellino, reacendendo a curiosa associação entre o destino da Santa Sé e o rumo da equipe de Campania. Um elo improvável entre fé e futebol que insiste em se repetir.
Fonte: Jogo de Hoje 360