Administração do estádio e Brigada Militar justificam ações com base na legislação esportiva
Faixa exposta no Gre-Nal de sábado pediu ingressos mais baratos na Arena — Foto: Tribuna 77 / Arquivo Pessoal
Nos últimos jogos do Grêmio em casa, a torcida levantou a voz contra o alto custo dos ingressos na Arena. Durante o clássico Gre-Nal, no sábado, manifestantes fixaram cartazes nos arredores do estádio com o recado direto: "Ingresso caro = povão na rua! Ingressos baratos já!". A ação foi coordenada pelo movimento Tribuna 77, um coletivo de torcedores que há mais de uma década ocupa a Arquibancada Superior Norte.
As imagens dos protestos foram compartilhadas com o ge pelo próprio grupo, que optou por não indicar um porta-voz para entrevistas. Segundo os organizadores, essas manifestações seguirão ocorrendo nos próximos compromissos do Tricolor.
Além dos cartazes, faixas com a mesma mensagem foram estendidas dentro da Arena, mas em partidas anteriores – contra o Atlético-GO, em 8 de abril, e diante do Flamengo, no dia 13 – elas acabaram sendo recolhidas pela segurança do estádio, operado pela empresa Arena Porto-Alegrense, e também pela Brigada Militar.
No Gre-Nal, no entanto, uma nova faixa semelhante foi exibida sem ser retirada. As regras para esse tipo de manifestação exigem que a torcida seja reconhecida oficialmente pelo clube, além da prévia autorização do conteúdo pela Brigada Militar – procedimentos previstos no artigo 158 da Lei Geral do Esporte, que regulamenta o acesso e a permanência de espectadores em arenas esportivas (confira a nota completa abaixo).
O grupo Tribuna 77, por sua vez, afirma não se enquadrar como torcida organizada, e sim como um coletivo espontâneo de torcedores, razão pela qual entende que não deve se submeter aos protocolos exigidos.
Em relação ao valor dos ingressos, a Arena Porto-Alegrense decidiu não se pronunciar. Desde o término do Campeonato Gaúcho, o Grêmio atuou quatro vezes em seu estádio — três partidas pelo Campeonato Brasileiro e uma pela Copa Sul-Americana. Neste período, os bilhetes mais baratos, na Arquibancada Norte, custaram entre R$ 60 e R$ 80. Já os mais caros, na Cadeira Gold, chegaram a R$ 250.
Nota oficial da Arena do Grêmio sobre a retirada das faixas:
"A Gestão da Arena do Grêmio vem a público esclarecer que a faixa exibida por um torcedor em partida recente foi retirada por não terem sido cumpridos os procedimentos obrigatórios para entrada e exibição de materiais no estádio.
Esses procedimentos incluem:
Reconhecimento oficial da torcida junto ao Grêmio, por meio do Departamento de Torcidas do Grêmio (DTG);
Solicitação e aprovação prévia do conteúdo da faixa pela Brigada Militar (BM);
Autorização expressa da BM para a entrada e exibição da faixa.
O torcedor em questão não foi retirado da Arena, somente a faixa foi recolhida, em estrito cumprimento às normas internas e à legislação vigente. A medida está amparada pela Lei nº 14.597/2023 (Lei Geral do Esporte), que em seu Art. 158 estabelece condições para o acesso e permanência de espectadores nos recintos esportivos.
O parágrafo único do mesmo artigo determina que o não cumprimento dessas condições implica a impossibilidade de acesso ou o afastamento do material irregular do recinto esportivo, sem prejuízo de outras sanções administrativas, civis ou penais.
Assim, a retirada da faixa cumpriu os procedimentos legais previstos na Lei Geral do Esporte."
Fonte: Jogo de Hoje 360