Próximo de assinar com o Santos, lateral-direito celebra sua trajetória no Verdão e revela o segredo por trás de uma era vitoriosa com 12 títulos conquistados
Mayke conquistou o seu quinto título brasileiro, o terceiro pelo Palmeiras — Foto: Emilio Botta
Depois de quase nove anos vestindo a camisa do Palmeiras, Mayke viveu dias de forte emoção ao tomar a decisão de seguir um novo caminho na carreira. Prestes a se tornar reforço do Santos, o lateral-direito deixa para trás uma história marcante no Verdão — clube onde construiu vínculos profundos, se tornou o maior campeão da história e liderou dentro e fora de campo.
— Foram momentos difíceis esses três dias que passaram. Foi uma contratação muito rápida (pelo Santos), mas foram momentos difíceis, de muito choro. É um dever cumprido. Fiquei triste de sair, porque tinha muito tempo de casa, nono ano já. Então a gente fica um pouco triste pela mudança, é normal — afirmou o jogador, em entrevista ao ge.
— Estou feliz por sair pela porta da frente, por ter feito uma história linda no Palmeiras e por ter feito tudo aquilo... Às vezes eu nem imaginava, nem nos meus melhores sonhos eu imaginava construir uma carreira tão linda como a que construí no Palmeiras. Então é uma gratidão muito grande por tudo – acrescentou.
Mayke encerra sua passagem pelo clube com 319 partidas, oito gols e 25 assistências. Mas o que realmente o coloca entre os grandes ídolos da história alviverde são as conquistas: 12 taças erguidas, ao lado de nomes como Dudu, Weverton, Gómez e Ademir da Guia.
Títulos conquistados por Mayke:
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Paulistão (2020, 2022, 2023 e 2024)
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Brasileirão (2018, 2022 e 2023)
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Libertadores (2020 e 2021)
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Copa do Brasil (2020)
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Recopa Sul-Americana (2022)
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Supercopa do Brasil (2023)
Para o lateral, o fator determinante foi o espírito de união e companheirismo entre o elenco.
— Eu sou um cara que não trabalhei em muitos clubes, foram só dois (foi revelado pelo Cruzeiro). Mas trabalhei com muitos jogadores, então foi mais a família que construímos ali. Eram muitos amigos, saiam para jantar, as esposas eram muito amigas. Formou-se uma família e foi muito importante para o nosso elenco. Um ajudando e brigando pelo outro dentro do campo, fez diferença para fazermos essa história linda no Palmeiras — relembrou.
Com menor espaço em 2024 devido à ascensão de Giay, Mayke atuou em 21 jogos, sendo titular em dez deles. A diretoria até estudou renovar seu contrato, mas a proposta seria válida apenas por mais um ano. O Santos ofereceu dois anos com chance de renovação, o que pesou na decisão do atleta. A saída aconteceu de forma amigável, sem custos.
— A gente nunca percebe (quando acaba o ciclo). A verdade é essa. Mas falo que é um ciclo, com começo, meio e fim. E para mim acho que chegou ao fim por ter muito tempo de casa. Uma hora chega, não tem jeito, e essa hora chegou, da melhor maneira possível. Por ter construído uma grande história. Muitos colocam como segunda Academia e eu fiz parte dela, então é um orgulho muito grande que tenho. Muita gratidão a Deus, ao Palmeiras, ao estafe, diretoria, comissão e meus companheiros.
O jogador seguirá morando em São Paulo neste ano para não alterar a rotina escolar dos filhos.
Outros trechos da entrevista:
ge: Como sua família recebeu a notícia?
Mayke: — É sempre muito difícil. Com meu filho de cinco anos está tudo certo. Agora o meu de oito já entende mais as coisas. Ele é bem emotivo, no começo falou que não queria que o pai saísse, mas conversei bastante com ele. A gente tenta fazer de tudo para que eles não sofram. Mas falei para ele: "pode chorar, porque o papai também chorou e está tudo certo. Uma hora acaba, esse é o trabalho do papai. Se um dia você for jogador vai acontecer isso, então já vai se acostumando".
O que representa o Palmeiras na sua vida?
— É muito tempo de casa, então são muitas amizades. Construí uma família de verdade no Palmeiras. Toda mudança é sofrida. Foram nove anos, não foram nove dias ou nove meses. Isso ficou marcado dentro do meu coração, então é muita gratidão, muito sentimento envolvido. Por isso fico bem emotivo.
Sobre sua fama de bom amigo nos bastidores...
— Eu sou muito reservado, os meus assessores até ficam chateado comigo por não aparecer tanto na mídia. Mas gosto de ficar bem reservado. Já me perguntaram quem era meu melhor amigo no Palmeiras e não tem como responder, porque graças a Deus fiz muitos amigos. Amizades são poucas, mas eu tive muitas. Gosto de ajudar. O Alisson (do São Paulo) é um irmão. Naquele momento difícil dele, isso foi o mínimo que pude fazer: ajudar para que ele voltasse a fazer o que mais ama.
Conversa com Zé Rafael após fechar com o Peixe:
— Depois que fechei, aí sim eu liguei para o Zé Rafael, ele me passou muita confiança. Chegou nesse ano e me falou: "pode vir, você vai nos ajudar bastante". Sabemos que o Santos não vive uma grande fase, mas vou para esse novo desafio e ajudar da melhor maneira possível.
Sobre o novo ciclo do Verdão:
— No começo era muito medalhão, hoje a base tem muito espaço. O trabalho do João Paulo tem feito diferença e há contratações mais jovens. A filosofia mudou e tem dado certo.
Sobre Gilberto, possível sucessor na lateral:
— Um moleque do bem. Sempre que ele vem treinar a gente dá toques, e ele escuta. Bate muito bem na bola e tem tudo para brilhar no profissional.
Top 5 momentos com a camisa do Palmeiras:
— Final da Libertadores 2021, contra o Flamengo, é o número 1. Colocaria todas as Libertadores, Brasileiros e o Mundial. Esse Mundial foi muito especial, levei minha mãe, filhos, joguei contra o Messi… inesquecível.
Mensagem para os torcedores:
— Gratidão pelo carinho e respeito comigo e minha família. Fiz de tudo para deixá-los felizes e espero que tenha conseguido na maioria das vezes.
Experiência com Abel Ferreira:
— Fui coringa com ele. Joguei em várias posições. Ele e a comissão mudaram o patamar tático do time. Aprendi muito com todos. O Abel sempre dizia: "a tática é 30%, os outros 70% são o dom que Deus te deu".
Sonho de Seleção Brasileira:
— Todo jogador sonha. Se um dia acontecer, será a maior felicidade da minha vida. Já fico emocionado só de imaginar. Vou trabalhar ao máximo no Santos para, se Deus quiser, ter essa oportunidade.
Fonte: Jogo de Hoje