Presidente do Palmeiras reprova decisão da entidade sobre caso de racismo contra Luighi na Libertadores Sub-20 e levanta questão: "Por que não considerar filiação à Concacaf?"
Leila Pereira antes de Palmeiras x São Paulo — Foto: Marcos Ribolli
A Conmebol aplicou ao Cerro Porteño uma multa de 50 mil dólares, além da obrigação de publicar uma mensagem nas redes sociais e de jogar sem público na Libertadores Sub-20 - torneio no qual o time já está eliminado. A punição pelo ato racista contra Luighi, jogador do Palmeiras, não agradou o clube paulista, incluindo sua presidente, Leila Pereira.
– A penalidade que a Conmebol determinou foi ridícula – declarou Leila em entrevista à Cazé TV antes do Choque-Rei desta segunda-feira, pela semifinal do Campeonato Paulista.
– Para atrasos no início de jogos, a multa é de 100 mil dólares; por uso de sinalizadores, 78 mil dólares. Agora, vejam como a Conmebol trata um crime de racismo. Achei uma vergonha. Por isso, encaminhamos uma carta à Fifa, pedindo sua intervenção – completou.
A carta mencionada por Leila tem o apoio não só do Palmeiras, mas também dos clubes que compõem a Libra e a LFU, entidades que negociam direitos de transmissão no Brasil.
Outro ponto criticado por Leila foi o destino do valor arrecadado com a multa. O montante será direcionado ao Complexo Conmebol Suma, um centro comunitário da própria entidade no Paraguai, voltado ao desenvolvimento de crianças e adolescentes.
– Engraçado que os 50 mil dólares vão para a própria Conmebol. Não vão para a vítima. O valor já é irrisório e, ainda assim, continua nos bolsos da Conmebol. Isso é absurdo – afirmou.
Na sexta-feira anterior, quando cobrou punição ao Cerro Porteño, Leila também defendeu a união dos clubes na luta contra o racismo, pedindo regras mais rigorosas nas competições sul-americanas.
– Eu entendo quando o torcedor cobra: "Leila, tem que parar com notas". Mas, em algumas situações, me sinto impotente. Um clube sozinho não pode mudar essa mentalidade se as entidades não atuam. E não falo da CBF, porque o Ednaldo tem sido firme contra esses crimes de racismo.
– O grande problema é a Conmebol, que ainda não percebeu a gravidade da situação. Mas se eles não perceberam, vão perceber, porque o Palmeiras vai pressionar. Se a Conmebol não resolve, vamos levar para a Fifa.
Em entrevista à TNT nesta segunda-feira, a presidente do Palmeiras sugeriu que os clubes brasileiros considerem deixar a Conmebol e se filiar à Concacaf, entidade que organiza as competições da América do Norte.
– Precisamos tomar medidas firmes contra a Conmebol. O Brasil representa 60% da receita da entidade, mas os clubes brasileiros seguem sendo tratados dessa maneira. Por que não refletir sobre uma mudança? Se a Conmebol não consegue combater esse tipo de crime e não respeita o tamanho dos clubes brasileiros, talvez seja hora de pensar em nos filiarmos à Concacaf.
– Tenho uma reunião marcada na quarta-feira na CBF, onde conversarei com os clubes brasileiros presentes e com o presidente Ednaldo. Essa ideia pode ser uma semente a ser plantada. Financeiramente, seria muito mais vantajoso para todos os clubes do Brasil.
O caso
O episódio ocorreu durante o confronto entre Palmeiras e Cerro Porteño na Libertadores Sub-20, quando um torcedor paraguaio imitou um macaco na direção de Luighi. Os jogadores do Verdão denunciaram o ocorrido ao árbitro, que optou por seguir com a partida.
Ao final do jogo, o atacante desabafou sobre o incidente na entrevista de campo, criticando tanto a Conmebol pela conivência quanto o repórter, que questionou sobre a partida em vez de abordar o caso de racismo.